Por muitos anos a ultrassonografia esteve restrita à assistência médica. Porém, com a evolução das práticas assistenciais, principalmente no âmbito do atendimento de emergência, as vantagens da obtenção de imagens por ultrassom no local do atendimento logo foram observadas e transformadas em evidência científica e recomendações, a exemplo dos inúmeros estudos publicados nos últimos 5 anos e da American Heart Association, que em 2015 citou a possibilidade de utilização desta ferramenta durante a RCP (nível de evidência IIb). O POCUS (Point-of-Care Ultrasound) ganhou espaço de maneira exponencial e no ambiente de Terapia Intensiva não foi diferente. Avaliação de retenção urinária, checagem de posicionamento de sondas enterais, checagem de posicionamento de cânula orotraqueal, monitorização neurológica através da avaliação da bainha do nervo óptico, avaliação pulmonar, avaliação vascular, cardíaca e obstétrica já são realidade para Enfermeiras em UTI's do mundo.
No Brasil, pouquíssimos centros têm inserido o POCUS nos protocolos assistenciais da Enfermagem e, quando o fazem, em geral, está restrito a avaliação de retenção urinária, US obstétrica e punções vasculares guiadas, a exemplo do Cateter Central de Inserção Periférica. Hoje vamos discutir um texto publicado na Intensive Care Medicine, em fevereiro de 2019: UltraNurse: teaching point-of-care ultrasound to intensive care nurses.
UltraNurse: ensinando ultrassom no local de tratamento para Enfermeiras de Terapia Intensiva
O texto aborda a experiência de Médicos Intensivistas na inserção de um protocolo para treinamento de Enfermeiras em POCUS na avaliação pulmonar e medida de VTI do ventrículo esquerdo, correlacionando com Índice Cardíaco.
Os autores introduzem a temática abordando a necessidade de treinamento, visto que a avaliação com essa ferramenta é simples, rápida e auxilia no melhor gerenciamento destes pacientes. Foi desenvolvido um programa de capacitação de 5 semanas, onde foram recrutadas 8 Enfermeiras SEM CONHECIMENTO PRÉVIO em ultrassom.
Inicialmente foram realizadas duas sessões de 4 horas teórico-práticas. O segundo passo era realizar 5 exames consecutivos sob supervisão. Posteriormente supervisões a cada três exames e a proficiência foi certificada ao término de 5 avaliações corretas consecutivas. Todas as Enfermeiras foram avaliadas através da escala Likert, sendo considerados os itens proficiência geral, assistência necessária e qualidade de imagem.
Por fim, a equipe ainda realizou pesquisas no intuito de identificar fatores facilitadores e dificultadores no processo de certificação. Todas as Enfermeiras do estudo tiveram capacitação plena e foram necessários em torno de 13 exames (mediana) para que adquirissem proficiência, tanto na avaliação pulmonar, quanto no cálculo do VTI. Os autores discorrem sobre as particularidades no decorrer do treinamento e finalizam reiterando a importância do uso do POCUS por profissionais não médicos, principalmente na avaliação de fluidorresponsividade, em se tratando do ambiente de terapia intensiva. Além disso, também é observada maior motivação e satisfação no trabalho em equipe por parte das Enfermeiras capacitadas. De acordo com os autores "embora o programa exija perseverança e tempo, nenhum outro investimento é necessário", ou seja, além de todas as vantagens oferecidas do ponto de vista assistencial, ainda é financeiramente viável para as instituições.
Parece uma realidade distante, né?! Mas aqui no Brasil já existem cursos que capacitam Enfermeiras em POCUS! Procure o curso de maior interesse para você e se atualize!
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Olá Joandra, fiquei muito contente em saber sobre esta inovação tecnológica estar sendo inserida aqui em nosso Brasil. Espero poder conhecer um pouco mais sobre este assunto. Gratidão por seu compartilhamento que nos motiva a estudar sempre. Até mais.
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