Os destaques do Resumão Científico de hoje são da Intensive and Critical Care Nursing. Desta vez abordaremos um texto publicado em editoriais anteriores da revista: "How to monitor the brain in COVID-19 patients?" e o artigo "Value of pressure injury assessment scales for patients in the intensive care unit: Systematic review and diagnostic test accuracy meta-analysis", que discutirei incluindo três trabalhos publicados em revistas brasileiras. Confira:
Value of pressure injury assessment scales for patients in the intensive care unit: Systematic review and diagnostic test accuracy meta-analysis / Valor das escalas de avaliação de lesão por pressão para pacientes na unidade de terapia intensiva: revisão sistemática e meta-análise de precisão de teste de diagnóstico
Qual é a melhor escala para predição de risco para LP em pacientes de Terapia Intensiva?! Há muito tempo já se sabe que a escala de Braden não atende pacientes de grupos específicos, como os criticamente enfermos ou cirúrgicos, por exemplo. Diante disso, diversos estudiosos ao redor do mundo buscam uma ferramenta ideal. A Enfermeira PhD Camila Mendonça ganhou destaque mundial com o desenvolvimento e validação da Escala de Avaliação de Risco para o Desenvolvimento de Lesões Decorrentes do Posicionamento Cirúrgico do Paciente (ELPO). Mas, e dentro da UTI? Qual seria a melhor forma de avaliar os riscos do nosso paciente? Enfermeiros do departamento de Terapia Intensiva do Hospital Sir Run Run Shaw, da Faculdade de Medicina da Universidade de Zhejiang (China), concluíram que A Escala de Cubbin & Jackson tem boa precisão de teste de diagnóstico. No entanto, foram observadas evidências de baixa qualidade e heterogeneidade importante. O estudo brasileiro "Escalas de Predição de risco para Lesão por Pressão em Pacientes Criticamente Enfermos: Revisão Integrativa", publicada na Revista Enfermagem em Foco, do COFEN, analisou 18 trabalhos, verificando que a maioria deles (11) utilizou a Escala de Braden para avaliar os pacientes. Alguns utilizaram outras escalas validadas e houve ainda os centros que utilizaram instrumentos próprios do serviço para a avaliação destes pacientes. O fato é que, apesar do estudo Chinês destacar a Escala de de Cubbin & Jackson, na revisão brasileira ela nem sequer foi citada. A enfermeira piauiense Lidyane Rodrigues Oliveira Santos comparou a Escala de Cubbin e Jackson com a Waterlow e concluiu, assim como o estudo chinês, que a Cubbin e Jackson realmente é superior (vale ressaltar que este é um estudo original e não uma revisão sistemática, como o estudo Chinês). O enfermeiro português Bruno Sousa traduziu, adaptou e validou a Cubbin e Jackson também concluindo que a mesma tem melhores valores preditivos para desenvolvimento de LP em terapia intensiva. De acordo com o autor, "a Escala Revista de Cubbin & Jackson obteve 73,3% de sensibilidade, 86,7% de especificidade, 52,4% de valor preditivo positivo, 94,2% de valor preditivo negativo". E a pergunta que não quer calar é: PORQUE AS UTI'S BRASILEIRAS AINDA NÃO ESTÃO USANDO A ESCALA DE CUBBIN E JACKSON PARA AVALIAR OS DOENTES EM TERAPIA INTENSIVA?
Confira a Escala de Cubbin e Jackson traduzida pelo estudo português:
Para acessar o estudo chinês, clique aqui. (conteúdo pago)
Para acessar a revisão integrativa brasileira, clique aqui.
Para acessar o estudo da Enfermeira Lidyane, clique aqui.
Para acesar o estudo do Enfermeiro Bruno, clique aqui.
Para saber mais sobre a Enfermeira PhD Camila Mendonça, clique aqui.
How to monitor the brain in COVID-19 patients? / Como monitorar o cérebro em pacientes COVID-19?
Sim, meus amores, mais uma vez o ultrassom point-of-care ganha destaque na prática da Enfermeira. O editorial trouxe a importância da monitorização neurológica em pacientes diagnosticados com COVID-19. Pontos destacados: exame clínico em todos os pacientes e neuroimagem para decisão, quando necessário; monitorização não invasiva em pacientes sedados para acesso a informações sobre a função cerebral; e uso de ultrassom cerebral por enfermeiras treinadas para a obtenção de resultados relevantes de espectroscopia de infravermelho cerebral, EEG quantificado e pupilometria automatizada na avaliação da função cerebral. A considerar que a COVID-19 seja uma doença de complicações respiratórias em maior dimensão, é evidente que a doença apresenta complicações multissistêmicas, a exemplo do AVE isquêmico ou hemorrágico, encefalopatia, convulsões e/ou delírio. O texto traz as principais ferramentas para avaliação inicial e suas indicações: Escala de Coma de Glasgow, CAM-ICU e exame clínico direcionado, tomografia computadorizada, angiografia e ressonância magnética.
Para entender mais sobre a avaliação do Delirium, confira esse vídeo, onde compartilho com vocês a aplicação do CAM-ICU:
Seguindo com a avaliação clínica, o texto aborda o neuromonitoramento dos pacientes em UTI pela enfermeira, orientando como estimar a pressão intracraniana e calcular a pressão de perfusão cerebral através do ultrassom. "O uso de ultrassom cerebral pode fornecer uma estimativa da pressão intracraniana (eICP) e da pressão de perfusão cerebral (eCPP), usando uma sonda de 2 MHz para avaliar as velocidades médias de fluxo da artéria cerebral média (mFV); o valor correspondente da pressão arterial média (MAP ) e a seguinte fórmula: eCPP = PAM × FV diastólico / mFV + 14." SERIA O FIM DOS CATETERES NÃO VENTRICULARES?! SOCORRO, DEUS!!! Eu amooooo :DDD Importante ressaltar que os autores deixam bem claro que o treinamento para o uso de ultrassom cerebral é mínino, prático e adequado para Enfermeiras e profissionais tecnólogos, poucas sessões para medida de fluxo da artéria cerebral média e não requer experiência prévia com uso de ultrassom. O texto ainda traz o uso da espectroscopia no infravermelho próximo (NIRS), eletroencefalograma contínuo, pupilometria automatizada e o destaque para altos níveis de enolase específica para neurônios (NSE) e proteína S-100β como biomarcadores para lesão cerebral.
Os autores concluem: "Devido à complexidade das complicações neurológicas em pacientes com COVID-19, o papel do enfermeiro na rotina e no exame clínico repetido é obrigatório. As técnicas de neuroimagem podem fornecer informações diagnósticas relevantes e devem ser discutidas diariamente. Como o exame clínico pode ter um papel limitado em pacientes ventilados com COVID-19 em estado crítico, uma abordagem de neuromonitoramento multimodal seria recomendada. Enfermeiros treinados podem interpretar a maioria dos achados de diferentes ferramentas de monitoramento e devem integrar essas observações às terapias em andamento e à discussão na rodada médica para avaliar sua relevância clínica. Estudos futuros devem abordar o papel terapêutico e prognóstico dessa estratégia de monitoramento em pacientes com COVID-19, para apoiar seu uso rotineiro potencial neste cenário." Para acessar o editorial na íntegra, clique aqui.
Para acessar o vídeo deste resumo no meu Instagram, clique aqui.
E ai?! Gostou do conteúdo? Deixe seu comentário!
Comentários
Postar um comentário